sábado, 1 de setembro de 2012

COMO RESISTIR A DOCES OU DROGAS


PORQUE CEDEMOS ÀS TENTAÇÕES?

Eis a síntese de uma reportagem muito interessante, publicada na Zero Hora, que dá uma explicação sobre o descontrole de algumas pessoas em resistir a guloseimas que prejudicam a dieta; a cigarros em tratamento anti-tabagismo; a cervejas para quem trata alcoolismo.

“A pessoa está extremamente determinada a não sair da dieta. Mas eis que uma barra de chocolate aparece à sua frente e, em questões de segundos, é devorada. O resultado é remorso, com uma pergunta que não sai da cabeça: por que fiz isso? Do ponto de vista neurocerebral, existe um culpado: o córtex pré-frontal dorsolateral.




Essa região do cérebro é responsável pela tomada de decisões sensatas. Mas quando fica menos ativada, o risco de sair da linha é grande – como um diabinho instigando a pessoa a pecar.
Embora cientistas já tenham feito essa relação anteriormente, pela primeira vez ela foi comprovada com imagens. O neurocientista William Hedgcock, da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, observou, em exames de ressonância magnética funcional, o padrão de ativação do cérebro em situações nas quais os voluntários agiam dentro do esperado e naquelas em que perdiam o controle.
Há, também, córtex cingulado anterior, que, segundo o cientista, reconhece uma situação na qual o autocontrole é exigido: serve como um alarme. Por exemplo, se a pessoa que está em dieta entra em uma sala em que há pizzas, hambúrgueres e saladas, o córtex cingulado anterior é ativado, em um sinal de que há escolhas melhores que outras.


No teste realizado com voluntários, eles ficaram deitados dentro da máquina de ressonância e executaram duas tarefas relacionadas ao autocontrole. Na primeira, relacionada com o controle da atenção, mantinham os olhos fixos na figura de uma cruz no meio de uma tela, enquanto apareciam várias palavras, que deveriam ignorar. Na segunda, uma tarefa de escolha, tinham de optar em olhar apenas para a cruz, ou ler as palavras.
Nos dois casos, o córtex cingulado anterior se manteve ativado d mesmo modo, indicando que os participantes foram alertados por seus cérebros de que eles estavam diante de situações envolvidas com opções. Assim como o córtex pré-frontal dorsolateral (da escolha). Porém, no segundo teste, essa região se comportou de forma diferente. Os voluntários, já cansados, perderam o autocontrole e admitiram não saber se olhavam para a cruz ou para as palavras. Nesses casos, o córtex pré-frontal dorsolateral quase não foi diagnosticado nas imagens, de tão fraca a sua ativação.
Uma fonte que pode se esgotar
Segundo Dr Hedgcock, o autocontrole é como uma fonte, que pode se esgotar - tentações em excesso diminuem a atividade do córtex pré-frontal dorsolateral.
Outras pesquisas indicaram que algumas pessoas têm, naturalmente, uma menor atividade nessa região. Por exemplo, como essa é uma área que se desenvolve mais tarde, crianças têm uma capacidade menor. O envelhecimento também pode diminuir a atividade na região, fazendo com que alguns idosos tenham menos autocontrole. Mas são apenas especulações — ressalta.
Mas isso não significa que as pessoas vão falhar quando estão determinadas a fazer algo que consideram importante. É possível aumentar a motivação ou a força de vontade para lutar contra a falta de controle. Aprender a lidar com consequências desagradáveis.”
Certamente não se deve culpar o cérebro pelos descontroles. Tudo é questão de escolhas. Treinar o autocontrole requer bastante prática e dedicação. Para lidar, assim, com comportamentos impulsivos.
A pesquisa do Dr. Hedgcock auxiliará em tratamentos contra vícios (fumo, drogas, álcool etc), inclusive para testes de medicações em tais casos. E abrirá portas para o desenvolvimento de técnicas para desenvolver o autocontrole.